sexta-feira, 20 de março de 2009

Yudanshakai e o aprendizado





Neste último domingo, tivemos mais um yudanshakai. Eu tenho tido a sorte de poder participar da grande maioria, e por isso resolvi escrever esta postagem.

Yudanshakai, para quem não sabe, significa "treino de faixas pretas". É um evento mensal que ocorre na Academia Central, sob supervisão de nosso mestre, Kawai sensei. Todos os faixas pretas de sandan (3o grau) para cima demonstram uma técnica e, desta forma, podemos aprender novas formas, novas técnicas e novas variações.

Acho que o yudanshakai é o maior exemplo daquele conceito de "esvaziar a xícara", do qual eu sempre falo. Temos sempre a tendência de usar tudo que já sabemos para fazer algo, uma experiência, um jeito de fazer, ou mesmo um evento da nossa vida. Entretanto, se já estamos "cheios" de conhecimentos, como é que podemos receber novos conhecimentos? Como encher uma xícara que já está cheia? Há de transbordar, e algo se perderá...

O Aikido aborda, sim, conhecimentos anteriores e experiências anteriores. Se somos seres individuais, cada pessoa tem uma história de vida e, então, seu aikido será diferente dos demais. Entretanto, durante o aprendizado, é FUNDAMENTAL que nos libertemos de todos os conhecimentos prévios, e aceitemos em nossa mente, nosso espírito e nosso corpo algo totalmente novo. Isso é "esvaziar a xícara": tirar o conhecimento anterior daquele determinado momento, e receber o que há de novo.

A fusão do novo com o antigo deve ocorrer naturalmente, e não pensando, durante um treino. E no yudanshakai, creio que esse é o maior desafio para todos. Como faixas pretas, as pessoas já treinam há muito tempo, e já adquiriram modos e costumes nas técnicas. Eu não fujo dessa regra. A busca é tentar me libertar de tudo isso, e fazer a técnica como o sensei do momento a demonstra. Sem concordar, sem discordar, sem argumentar. Apenas fazer, e deixar o corpo receber o que está apto a receber.

Tudo isso digo porque nesse yudanshakai, vi uma forma muito interessante - e diferente - de fazer uma determinada técnica. Talvez, se eu não tivesse me aberto para essa possibilidade, de aprender coisas novas, essa forma tivesse passado desapercebida, e eu nem teria me encantado! Felizmente, sempre há o que aprender. Como na vida!

Agatsu, né...

Fotos acima!

beijos

Lúcia

8 comentários:

Marcos de Araujo disse...

Vc sabe q sempre gostei dessa história da xícara. Não é fácil deixar pra trás tudo que se sabe, ou se pensa saber... Na minha opnião, o tatami é um microcosmo, uma representação do mundo... tudo que acontece lá é um reflexo de como encaramos a vida e seus desafios. Parabens pelo achievement (não sei mais como traduzir isso pro portugues - hehe)

Sinto falta dos treinos e do Sensei. Aliás, preciso de um favor seu: faz tempo que estou procurando o tel do sensei... vc pode me passar? Vi na foto a carinha meio tristinha dele e deu um aperto no coração, sabe? uma urgência de dizer pra ele q ele faz falta. Please! pode ser por email ou pelo meu blog.

Beijão.

P.S.: Quando vc vai entrar no skype e apresentar o Lu pra gente?

Anônimo disse...

Oi, Má! Eu mando o telefone pelo skype, ok? Só para não ficar divulgando por aqui... Pois é, olha que louco: eu coloquei essa foto, aí depois quis tirar, colocar uma em que ele estivesse com uma carinha melhor... Mas não consegui! Isso bem antes de você escrever, viu... Sei lá, né, acho que era para você ver essa...rs... vou tentar mudar de novo, quem sabe agora vai!

Está difícil apresentar o Lú né. Por conta do trabalho mesmo. Mas em breve acertamos horários!

beijos, muuuuito bom receber um comentário seu! Concordo em gênero, número e grau com o que você falou!

Lúcia

Marcos de Araujo disse...

Milagre! Vc concordando com alguma coisa que falei! - hahaha

Brincadeirinha :o)

Beijão

Anônimo disse...

Hahahahaha

Eu discordo sempre concordando, nunca percebeu? rsrsrs


bjs

Lúcia

Alex P. disse...

Seguindo o clima de concordância geral, eu também concordo com essa história de "xícara vazia", por mais difícil que seja sua execução real.

O yudanshakai é sim uma oportunidade para exercermos esse esvaziamento do que já sabemos, ou achamos que sabemos, para uma nova forma de se executar as mesmas coisas.

O que pega, ao meu ver, é que o formato do yudanshakai dificulta muito que isso de fato aconteça, pois cinco minutos de prática de uma técnica, executada de uma forma diferente, e que exige, por isso mesmo, tempo para aprendizado e compreensão, são totalmente insuficientes para que se atinja o fim pretendido.

Ao meu ver, o formato do yudanshakai estimula a "xícara cheia", e não a "xícara vazia", daí as frequentes constatações de que quase sempre todos fazem as técnicas da formas como já estão habituados.

A se pensar...
beijo

Lúcia disse...

Olá, Alex!

Que bom notícias suas por aqui... Bom, para continuar concordando e discordando... Eu concordo com seu comentário. O formato não é o ideal... Mas difícil, como já conversamos, mudar, não? O que eu acho que é uma boa, como muita gente tem feito, é filmar as demonstrações de técnica, para posteriormente assistir e tentar assimilar. Não acho que - como você falou - o yudanshakai estimule a "xícara cheia", mas talvez, Alex, que ele não permite - devido aos fatores que você mencionou - que esvaziemos a xícara o suficiente.

Alguns esvaziam a mente, mas o corpo já está viciado numa determinada forma, né. Então, fica meio-a-meio. Tem gente que não esvazia nenhum dos dois, e tem gente que, com grande facilidade, consegue esvaziar totalmente. Enfim, se ao menos tentarmos, já mostra que estamos aprendendo alguma coisa!

Um grande beijo,

Lúcia

Marcos de Araujo disse...

Olha eu de novo :o)

Concordo discordando! hehehe

No meu ponto de vista, tempo é relativo. 5 min pra se treinar uma técnica pode ser o equivalente a uma vida. Muitos insights que tive, dentro e fora do tatami, não levaram mais do que uma fração de segundo. E muitos deles mudaram meu jeito de encarar o aikido ou mesmo de encarar a vida.

Agora, o principal é a postura mental na hora que se pisa no tatami. A xícara tem que ser esvaziada antes de se pisar lá. Só assim o "grande segredo do aikido" pode se revelar. O corpo é só um "vaso". Se a mente acreditar o corpo acompanha.

Quanto ao formato do Yudanshakai, como diria o próprio Kawai Sensei: Que que certo, que que errado?

Anônimo disse...

É, Marcos san... tem razão.

Que que certo, que que errado, né? :-)

O negócio é treinar, e aceitar receber técnicas novas, técnicas antigas, técnicas diferentes... E como é bom, né? Aliás, andas treinando?

bjs

Lúcia